“No dia 13 de julho de 1968 o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Pindaré Mirim havia convocado uma reunião da categoria para receber a visita de um médico para tratar questões relacionadas à saúde dos associados e associadas. O Prefeito do município na época mandou informar que iria fazer uma visita ao sindicato neste mesmo dia. Por volta das 10 horas da manhã chegou um pessoal dizendo que queria falar com o presidente do sindicato. Quando eu apontei na porta fui recebido por tiro de fuzil que estraçalhou minha perna. A ação e os disparos foram efetuados pela polícia militar. Outros companheiros também foram atingidos por bala, mas felizmente não houve morte. Eu fui levado aprisionado e jogado na cadeia sem receber nenhum tratamento no ferimento, o que levou minha perna a gangrenar e ter que ser amputada.”
Manoel da Conceição é filho de lavradores nascido no vale do rio Itapecuru, no interior do Maranhão, mas sua história de lutador social fundamental o fez um cidadão do Brasil e do mundo.
Líder camponês histórico, Manoel da Conceição é um símbolo vivo da luta campesina contra a ditadura militar brasileira, de resistência contra o arbítrio. Já na juventude vivenciou a expulsão de sua família por proprietários rurais, violência ainda vista em inúmeros outros massacres; depois o envolvimento com o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à Igreja progressista; o engajamento na Ação Popular (AP) e a luta pelas Reformas de Base; até o golpe de 1964, quando sofreu as primeiras prisões.
Durante a ditadura militar,Manoel da Conceição se dedicou à organização e educação de trabalhadores rurais na região do rio Pindaré em sua luta contra o latifúndio e pela conquista da terra. Manoel foi vítima da ditadura. Foi baleado e preso em julho de 1968, ocasião em que teve parte da perna direita amputada por falta de atendimento médico. Na seqüência, foi preso pela polícia política (1972) e dado como “desaparecido”, quando foi submetido a sessões de interrogatório e tortura, sendo solto graças à intervenção da AP e da Anistia Internacional.
Em 1975 foi preso novamente pelos militares, desta vez em São Paulo, e a intervenção da solidariedade internacional conseguiu que fosse para o exílio de 76 a 79 onde escreveu o livro “Essa terra é nossa”, contando sua história de luta pela reforma agrária e de resistência à ditadura.
Manoel da Conceição, presidente de honra do MLST, é um dos mais importantes brasileiros da luta por direitos humanos, reforma agrária, preservação ambiental e democracia.
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