O modelo de reforma agrária do século XX foi superado, porque o seu principal inimigo não é mais o velho latifúndio improdutivo e sim o agronegócio que continua comprando terras baratas e articula poderosos interesses econômicos, políticos e sociais, para combater a reforma agrária. Utiliza seus representantes no Parlamento, Judiciário na burocracia estatal para impedir o cumprimento da Função Social da Terra e comanda a mídia na criminalização dos movimentos sociais e seus parceiros.
No último período, o agronegócio ganhou um destaque nacional por se apresentar como grande produtor do meio rural e pelo superávit da Balança Comercial Brasileira. Esse modelo foi responsável pela crise alimentar que ocorreu em 2008 e que tem reflexo direto na mesa do trabalhador com o aumento do preço do alimento. Hoje o processo de financeirização em forma de commodities vem colocando em risco a segurança e a soberania alimentar e nutricional, do nosso povo.
O Relatório da ONU sobre “A agroecologia e o direito à alimentação”, mostra que a produção agrícola camponesa pode dobrar a produção de alimentos em áreas críticas por meio do uso de práticas agroecológicas. Segundo dados da FAO, o mundo produz hoje alimentos para 8 bilhões de habitantes. Então por que temos mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso ao alimento?
No Brasil cerca de 800 mil pessoas são intoxicadas por agrotóxicos todo ano, no mundo são mais de 120 milhões. Mais de 12 mil por ano morrem no Brasil em decorrência do uso dos agrotóxicos, no mundo são mais de 1 milhão e 200 mil mortes. Cada brasileiro consome por ano 3,9 litros de veneno, através da alimentação.
A agricultura química é incompatível com a idéia de segurança e soberania alimentar e nutricional, porque ela busca o máximo de produtividade, mas não garante a estabilidade da produção por causa da degradação ambiental que ela provoca.
É fundamental tornar público os importantes avanços das experiências das mulheres e dos jovens na produção dos alimentos agroecológicos e seus resultados na garantia da segurança alimentar e nutricional com a diversificação e qualidade dos produtos.
O Programa Brasil Sem Miséria do Governo da Presidenta Dilma Rousseff tem três eixos de ações: transferência de renda; acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. Nesse sentido, os assentamentos de reforma agrária, a agricultura familiar e comunitária, junto com os pequenos produtores rurais cumprem um papel estratégico para alcançar esse objetivo e avançar na transformação social do País.
A Marcha da Reforma Agrária do século XXI é de todas as pessoas que lutam para acabar com a fome e a miséria no Brasil. É a Marcha da confraternização dos que trabalham e lutam no campo e na cidade pela democratização da terra para produzir alimentos saudáveis livres de agrotóxicos.
Marchamos pela Soberania Alimentar: sementes crioulas; autonomia da produção; quintais produtivos; economia solidária; praticas conservadoras do solo e manejo ecológico dos recursos naturais e o circuito curto de comercialização. A agricultura familiar-comunitária é a guardiã da genética animal e vegetal. Quem tem a semente tem a vida.
Marchamos pela construção de Acampamentos Produtivos, Assentamentos Inteligentes e a Empresa Agrícola Comunitária, pela criação de Pólos de Desenvolvimento do campo brasileiro, gerando milhões de postos de trabalho, onde o ser humano será o empreendedor comunitário e não apenas um vendedor de sua força de trabalho.
Por tudo isso, Aperte a Mão de Quem o Alimenta porque os trabalhadores e trabalhadoras rurais são responsáveis por 70% da produção de alimentos básicos da mesa do brasileiro; porque representa 74,4% da mão-de-obra do campo; porque desenvolve o comércio local; porque produz alimentos preservando o meio ambiente; porque diversifica sua produção; porque democratiza o acesso a terra.
Goiânia/GO, 30 de junho de 2011.
Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST.
Marchamos pela Reforma Agrária do Século XXI
Com companheiros e companheiras de todo o pais
Saída: 21 de Agosto de 2011
Cidade de Goiânia rumo à Brasília
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