sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Marcha chega ao final – duas últimas notícias

Na próxima semana, um post especial com um balanço dessa atividade histórica do MLST feito pela direção nacional do movimento.



Parabéns a todos os companheiros e companheiras que entregaram muito suor e dedicação militante para a realização dessa marcha vitoriosa!



Movimento de Libertação dos Sem-Terra encerra contatos em Brasília pedindo mais atenção do governo

Em : Agência Brasil (Lourenço Canuto)

"O Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) encerra hoje (9) uma série de contatos na esfera federal, depois de apresentar a várias autoridades uma extensa pauta de reivindicações de seus assentados e acampados, que somam 120 mil famílias distribuídas em dez estados. Partindo de Goiânia, eles iniciaram a marcha a Brasília no dia 20 de agosto, com o lema "Aperte a Mão de Quem te Alimenta", e chegaram à capital federal na última segunda-feira (6).


Os militantes ficaram acampados no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, área central de Brasília.


"Os pequenos agricultores merecem a atenção do governo, porque respondem por 70% de toda a produção agrícola no Brasil", diz José Francisco Moreira, um dos coordenadores do movimento e representante de assentados e acampados do estado de Minas Gerais. Segundo ele, os agricultores precisam do apoio do governo para "continuar produzindo frutas, legumes e verduras sem agrotóxicos".


No Dia da Independência, 7 de setembro, muitos dos militantes do MLST que vieram a Brasília juntaram-se aos participantes da Marcha contra a Corrupção, que reuniu cerca de 25 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.


A pauta de reivindicações que os trabalhadores apresentaram em Brasília inclui ainda apoio logístico para negociação do que produzem, a construção de moradias, dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades, inclusive para os filhos que se casarem; o fornecimento de energia elétrica pelo Programa Luz para Todos e acesso à internet para o homem do campo.


Ontem (8), representantes do movimento foram recebidos pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que ficou de ter novo encontro com eles, depois ter uma resposta dos ministérios aos quais o MLST apresentou suas reivindicações.


José Francisco Moreira ressalta que o movimento "não tem fim lucrativo e que, por isso, se satisfaz até mesmo com a troca do que produz por outros gêneros, inclusive insumos". Os trabalhadores reclamam da concorrência do agronegócio, que usa agrotóxicos e acaba com muitos empregos, ao usar máquinas na agricultura. "Cada cidadão consome por ano 5,2 litros de veneno, que vêm das lavouras do agronegócio, responsável por 30% da produção agrícola no país". diz Moreira.


Ismael Costa, também coordenador do MLST, informa que o movimento pediu hoje ao ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, mais facilidades na concessão da aposentadoria rural para aqueles que não têm documentos. Segundo Costa, isso seria feito com a aceitação pela Previdência Social de documentação dada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, por intermédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os trabalhadores querem, ainda, direito aos auxílios doença e maternidade.


De acordo com Costa, o MLST tem interesse em formar agroindústrias, como usinas de leite, e centros de distribuição da produção. A venda de excedentes da lavoura para o governo, destinada à merenda escolar, como é feito na agricultura familiar, é outra reivindicação do movimento.


Em 2006, cerca de 500 integrantes do movimento invadiram a Câmara dos Deputados, onde quebraram janelas de vidro, portas e mesas. Muitos foram presos e alegaram que reagiram dessa forma por causa da hostilidade com que foram recebidos pela segurança da Casa. O MLST existe desde 1994 e, segundo seus coordenadores, está satisfeito com "a receptividade" que vem tendo do governo nos últimos anos."


Ministro Gilberto Carvalho recebe lideranças do MLST


"O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) recebeu hoje (8/9) os dirigentes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) que promove em Brasília a Marcha pela Reforma Agrária. Na reunião, que aconteceu no Palácio do Planalto, foi feito um balanço da negociação em torno da pauta de reivindicações do movimento. Na próxima semana, o governo federal apresentará respostas a todas as reivindicações, que vão desde mais recursos para a reforma agrária, habitação rural, incentivo as agroindústrias cooperativadas, atenção à juventude rural, dentre outras.


De acordo com Vânia Araújo, dirigente do MLST, já aconteceram rodadas de negociação com os Ministérios do Desenvolvimento Agrário, Cidades, Comunicações e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “O resultado foi bastante positivo”, afirmou. De acordo com ela, ainda estão agendadas reuniões com os Ministérios de Desenvolvimento Social, Previdência Social, Minas e Energia, Saúde e Educação.


Gilberto Carvalho reiterou a diretriz da presidenta Dilma Rousseff de atender a todos os movimentos sociais. Acompanhado pelo presidente do Incra, Celso Lacerda, o ministro reforçou as conquistas recentes dos movimentos sociais do campo. Ele citou, por exemplo, a liberação de R$ 400 milhões de recursos extraordinários ainda este ano destinados à implantação de novos assentamentos e um plano emergencial para assentar famílias sem-terra.


O ministro garantiu ainda que o governo federal está empenhado, por determinação da presidenta, em fazer estudo técnico sobre a situação atual das terras destinadas à reforma agrária, da viabilidade e infra-estrutura de futuros assentamentos e da situação atual das famílias acampadas. Este estudo orientará a ação de governo para a reforma agrária até 2014, afirmou. 


Carvalho assegurou que há recursos disponíveis do BNDES para instalação de agroindústrias cooperativadas; que os recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) serão ampliados para beneficiar 400 mil famílias e que o governo irá lançar, ainda de forma experimental, o programa Bolsa Verde para assentamentos e áreas extrativistas, visando beneficiar 15 mil famílias.


Quanto ao uso abusivo de agrotóxicos no Brasil, reivindicação comum aos movimentos sociais do campo, o ministro garantiu que será criado um Grupo de Trabalho Interministerial sobre o uso de agrotóxicos, com a participação dos movimentos sociais do campo, para deliberar sobre temas como controle, combate ao contrabando, e pulverização aérea.


Gilberto Carvalho disse ainda que o governo federal irá fortalecer a educação no campo com medidas também anunciadas recentemente, entre elas instituição do Pronacampo, do Ministério da Educação, tendo em vista a alfabetização de adultos no meio rural, a construção de 350 escolas no campo, e a criação, até 2014, de 30 Institutos de Educação Profissional e Tecnológica, além da liberação de R$ 30 milhões, recursos destinados ao  Programa Nacional de Educação em Reforma Agrária – Pronera."

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